Cadernos do Cárcere_ offline
O primeiro, tal qual o último, que também não
consistia em nada. O título é esse mesmo que vossas senhorias conhecem dos
espólios narrativos dos professores de ensino médio, ou daqueles que ensinam “humanas”
nas universidades públicas país afora.
Em que consiste? Bem, afigura-se que estou sem
internet e na falta de qualquer outro atrativo resolvi escrever-lhe,
diretamente do cárcere do mundo off-line, vejam o drama! Teorizar a situação em
si e conjecturar sobre as possíveis implicações de um mundo sem internet seria
uma forma fácil e rápida de encher a tela com palavras, mas não faço. Primeiro
por respeito a quem por ventura vier a ler isso, segundo porque não estou
completamente certo se sairia alguma coisa substancial dessa empreitada.
Se não vamos teorizar o mundo “off-line” e nem nada do tipo, que diabos
vamos escrever? Bem, o esquizofrênico que por ventura ler, ouvir ou captar esse
texto, provavelmente vai se perguntar quem está escrevendo (porquê o plural?).
Vou deixa-los encucados com a possibilidade de outras entidades extracorpóreas estarem
ao meu lado durante a confecção deste. O leitor que não possui problemas
esquizofrênicos passe adiante.
Cá estou eu, sem internet, com algumas preocupações
na cabeça. É interessante que a possibilidade da falta nos faz ativos, agora
por exemplo, como estou sem internet, lembrei que tenho que pagar um boleto, de
ver como está o caos político e de como era mesmo aquela música que eu só sei o
refrão.
Gramsci escreveu seus “cadernos do cárcere”,
uma coletânea que versava sobre os mais diversos assuntos: teatro, economia,
politica, poesia. Obviamente, o destaque que deram foi para sua obra “politica”,
talvez, e não apenas, porque a causa de sua prisão ter sido uma dissidência
política. Agora mesmo, estou aqui com vontade de pesquisar e ver mais algumas
curiosidades sobre Gramsci e estou off.
Estou aqui a caçar na minha nuvem mais um dos textos do romance do “terno
psicopata” que estou a escrever (titulo provisório) também estou querendo fazer
mil outras coisas, pensando em salvar o rascunho online. Entrar na plataforma
para repassar esse texto. E estou off.
Os textos, ditos pós modernistas,
têm grande aceitação. Normalmente não seguem padrões ortográficos ou
gramaticais, nem prezam pela coerência e coesão. Fazer um texto nesses moldes e
soltar duas ou três frases de efeito, que façam algum sentido para o leitor
parece que hoje são a fórmula do sucesso. Sobretudo no tempo em que todos
escrevem muito, leem pouco e leem mal. Coloque três frases interessantes em um
texto completamente desconexo e os outros pensarão que você escreveu uma obra
de arte. Quem presa pela boa forma e
pelo conteúdo de seus textos está fadado a ser lido por meia dúzia de pessoas e
ser entendido por umas duas ou três. Assim, tanto muito pior se o assunto for
política, se você citar candidato A ou B de forma mais dura já lhe rotulam
seguindo : criticou A = apoia B, criticou B = apoia A. Se fizer critica a A e B
vão procurar alguma aproximação sua com algum dos dois.
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