30/06/2018

As vezes o equipamento pode destruir, ou ser destruído

  

 Pensei em começar com o "acordei hoje cedo, me levantei da cama e bla bla bla..." mas hoje decidi poupá-lo da dor de cabeça de ler a ladainha habitual. Estava a discutir com meu amigo Chaguinha: 

  - Olha, vou dizer, se o cara for bom mesmo, não importa o equipamento. Não importa ter a última tecnologia se o cara não sabe usar. - disse Chaguinha.

  - Concordo, mas ter também um equipamento de qualidade inferior pode ser a diferença entre um trabalho bom e um trabalho regular. Isso, admitindo que o profissional que vai fazer o serviço seja excelente, se for um que esteja na média, o equipamento pode destruir todo o projeto. 
 
  - Mas se o cara for bom mesmo, isso não importa não cara, te digo por experiência mesmo.

  Andei a observar mais atentamente sobre o tema. Profissionais de fotografia tirando fotos com qualidade full HD 7D não sei o quê, contra nossos singelos smartphones com memória de 16 gigas e com fotos comprimidas aos máximo. 

  Outro dia fui em um casamento, uma amiga minha fotografa tinha sido contratada para tirar as fotos. A cliente pediu o kit completo, cds com fotos para os convidados, ensaios pré e pós casamento e tudo o mais. Além de uma camiseta estampada com uma foto do casal. 
 Fiquei apreciando as festividades, a missa, os comes-e-bebes e é claro bebi. Percebi que a fotografa tinha que competir não raramente com os flashes dos celulares e maquinas "semi" dos convidados. Apesar de tudo ela conseguiu tirar umas boas quatrocentas fotos na festa do casamento, todas muito bem montadas e com qualidade profissionais. No dia seguinte ela passou as fotos pro editor, que tratou todas as fotos antes que fossem apreciadas pelo casal. 
  Quando chegou o dia de apresentar as fotografias e perguntar aos recém-casados que foto queriam nas camisetas, ela percebeu que o casal não estava dando a mínima atenção aos book que ela trazia. Chegou a hora e ela perguntou:
  - Então, vocês já decidiram qual a foto vai ser colocada nas camisetas?
  - Bem, essas fotos estão muito boas, mas a gente tava olhando aqui no grupo da família e a Ritinha tirou uma na hora exata que as alianças são colocadas e a gente acha que vai essa mesmo. 
  - Olha, mas eu tirei várias fotos do momento em que as alianças são postas, vocês não querem dar uma olhada? Estão logo aqui - disse ela apontando para a página no album. 
  - Bem, ficaram ótimas, mas a gente já falou com a Ritinha, ela é madrinha do casamento e a gente quer a foto que ela fez mesmo. 
 
   Minha amiga engoliu em seco e perguntou onde estava a foto, recebeu por whatsapp a foto que estava na resolução mais baixa possível. Ela contou, que ainda tentou convencê-los que a resolução não estava boa, mas eles estavam convictos em usar a foto da tal Ritinha e assim foi feito. As camisetas ficaram cheias de espaços brancos entre os pixels da foto do celular. Mas, que se pode fazer? No fim ainda iriam culpar a fotografa pela imagem ruim. 

  Mas aí me chega Chaguinha, de novo com o papo de que o equipamento não é essencial e que o que conta mesmo é o profissional. Foi quando o desafiei.
  - Vamos então digitar um livro e vamos ver se você me vence.
  O computador dele era um daqueles do tempo do ronca, com sistema operacional Windows XP e com editor Word 98. 
  Baixamos uma versão digital de Dom Casmurro, e com uma tela aberta no PDF e outra com o editor iriamos digitar a mais celebre obra de Machado de Assis. Umas 200 páginas. 
 Ele tinha um teclado com fio, duro, eu estava com um Microsoft 2000, sem fio e com teclas supermacias, além de contar com um computador atualizado e todos os adereços possíveis para uma boa escrita. 

  Pois bem, começamos a competição. Durante as primeiras páginas, Chaguinha foi até bem, estava na mesma velocidade que eu, talvez até mais rápido. Foi aí que os problemas começaram, o arquivo estava muito pesado para o processador, o programa salvava uma copia de 10 em 10 minutos e a cada salvamento automático o pdf parava de funcionar e ele tinha que abrir novamente o programa. Ficamos nessa, quando terminei de compilar o livro ele ainda estava chegando na página 100. Irado, Chaguinha pegou o teclado e jogou-o ao chão sem qualquer cerimonia. 
















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